segunda-feira, 20 de março de 2023

Por regras que desconhece por desinteresse próprio, hoje é domingo gordo, também designado domingo de Carnaval. Como nunca foi de Carnavais, nunca percebeu porque tanta gente se desmascara nestes dias, não sendo agora que se vai interessar por entender o significado do Carnaval, respeita os que vivem a designada folia carnavalesca.

Quando era jovem em casa de seus pais neste dia de domingo havia na mesa do almoço a tradicional bexiga de porco que seus avós lhes enviavam a tempo para o almoço deste domingo. Só se seu pai estivesse de serviço é que a tradicional bexiga se comia na terça-feira de Carnaval, porque depois o mundo da fé católica apostólica romana entrava na quaresma. Um tempo que para os pobres crentes da fé católica era um tempo de abstinência onde só alguns mais endinheirados podiam de acordo com os preceitos religiosos continuar a alimentar a gula porque ao pagarem a bula trocavam a ação pecaminosa por umas moedas e os agentes da fé tudo lhes permitiam sem o tenebroso pecado da gula a pesar-lhes na consciência.

Era para ele um tempo difícil. Ao não entender o carnaval juntava-se o sacrifício de à mesa ter de comer o que não gostava de comer e quantas vezes ficava sozinho com o prato à frente a fim de ter de comer o que lhe punham no prato como almoço e ai dele se se levantava da mesa sem ter comido tudo. Tempos difíceis em que não era uma boa boca.

Com o tempo e o conhecimento da crua realidade que se vivia, foi-se habituando a comer de tudo. Já maduro a entrar para a velhice um dos prazeres da vida é degustar uma boa bexiga de porco no dia de hoje. Comprou no talho em Idanha a Nova e no mini-mercado da Zebreira. No talho a designação é bexiga, já no mini-mercado trazia a etiqueta de "bucho de ossos", coisas do pessoal do marketing, como se bexiga não fosse apelativo. O que importa é o conteúdo com que se enchia antigamente a própria bexiga do animal depois de bem lavada, hoje como antigamente, fazem-se usando o mesmo material com que se fazem os chouriços, paios etc.

Tradições da Beira Baixa raiana onde o porco era o animal que garantia o sustento da família por largos meses, já que tudo se aproveitava para o fumeiro, nada de grandes festas no dia da matança, que os tempos eram difíceis e havia que salvaguardar o futuro próximo.

 

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