domingo, 19 de março de 2023

05.02.23

 

Tem duas televisões TDT em casa. O pouco que vê são os canais informativos dos vizinhos espanhóis, até ao momento em que entra a guerra, desligando de imediato, para voltar na manhã seguinte. Os canais portugueses só os sintonia se transmitirem algum jogo de futebol que lhe interesse, de resto não dá ouvidos a servos de conversos.

Há tanta coisa a fazer que ficar a ver televisão é perder dias, semanas, meses ou anos de vida a poluir o cérebro já de si cansado com as dificuldades da vida real. Vida de dificuldades que não passa nos ditos ecrãs televisivos.

Vive-se numa ilusão bem mais tóxica, do que as ilusões sonhadas nas décadas de 60 e 70 do século passado. Metralham-nos com siglas e rácios, que criaram para nos adormecerem os neurónios, nunca nos dizendo não só o valor exato da dívida pública, como quem são na verdade os nossos credores. Sabemos que grande parte da enorme dívida americana está nas mãos dos chineses, mas não sabemos quem detém a nossa grande dívida. Fazem dela tudo e mais alguma coisa, recusando-se na verdade a olharem ao país real e concreto, que envelhece pelas condições da vida de trabalho proporcionada aos jovens; obedecem copiosamente aos liberais e neoliberais que se instalaram em Bruxelas, sem se submeterem ao escrutínio do voto direto e popular, para sem rosto imporem a vontade, a filosofia de vida do sistema americano, degradando lenta mas de forma eficaz o velho conceito do Estado Social Europeu.

Em 1580 um clero ortodoxo do pior cristianismo, juntamente com uma nobreza atulhada em corrupção, entregaram os destinos do Reino a Castela.

Hoje, nomeiam-se ministros por darem provas de serem ou para serem bons executantes das ordens de Bruxelas. Vivemos iludidos de mão estendida ao dinheiro dos outros.

Os intelectuais de uma dita esquerda parlamentar e auto proclamados liberais-de-esquerda, procuram dar nas vistas promovendo a discussão de situações fraturantes para a sociedade portuguesa, como é o caso da eutanásia.

Com um SNS doente de uma fraqueza anémica quase crónica, sem que se veja vontade governativa de investimento sério, real e concreto em meios humanos mais do que técnicos; um SNS onde o cidadão comum do regime geral espera , espera e aguarda por um exame, uma consulta, uma cirurgia, para que perder-se tempo e dinheiro criando divisões profundas entre os portugueses, quando o mesmo SNS não oferece condições para o cidadão que venha a poder optar pela morte assistida, o possa fazer condignamente sem pôr em causa todo o restante funcionamento do SNS.

Um tresmalhado que gosta mais de ouvir as conversas e a música dos ventos nas copas das oliveiras, diferente das azinheiras, o grito de raiva das ondas do mar revolto na areia diferente do das rochas, do olhar o silêncio, ouvir a sinfonia das aves, do que ouvir servos de conversos, não se julgando detentor de nada, um insignificante que continua a sonhar e a ter vontade, mais no espírito do que no corpo, de ainda poder ver a utopia da sociedade mais decente do que esta sociedade-ilusória que contra sua vontade ajudou a criar.



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