sábado, 11 de março de 2023

22.12.29

 

Há festa no reino dos virtuais pafiosos e amigos bipolares. A notícia correu célere. Os telemóveis durante a noite não pararam de tocar, comunicando a boa nova, deram-se vivas, beberam-se relíquias agradecendo aos seus deuses, prometendo novas missas de agradecimento, alguns mesmo prometeram novas peregrinações. Chegou o momento tão desejado.

O Homem da oposição que em 2015/16 após terem em eleições alcançado mais votos que o opositor direto, ao ser encarregado pelo líder derrotado de estabelecer diálogo com as forças políticas de esquerda soube construir a ponte provisória que garantiu a formação de um Governo pelo partido derrotado mas apoiado numa maioria parlamentar construída com trabalho e capacidade política, demonstrando aos portugueses que há sempre soluções alternativas para as suas vidas, caiu e saiu agora pelo próprio pé.

A direita profunda e superficial sob a capa de democratas, que domina os órgãos de comunicação social e se passeia pelos muitos corredores do poder, incluindo os do próprio partido, nunca lhe perdoou tal capacidade demonstrativa do que podia ser governar à esquerda nos tempos de agora.

Mal o homem assumiu funções governativas logo passaram a esmiuçar todas as medidas do seu ministério, incluindo a vida privada de familiares.

O trabalho levado a cabo nas e pelas empresas públicas, CP e EMEF é ignorado, não só pela comunicação social como pelos seus parceiros ministeriais. Em que gaveta estará o concurso de aquisição de novos comboios, que o anterior "Tio Patinas" nunca rubricou para o mesmo avançar? Na altura quem bateu com a porta foi o Presidente Administrador das empresas (homem que sabia dirigir, conhecedor profundo dos problemas da ferrovia, saindo sem indemnizações). Administrador que o Homem Ministro lá tinha colocado. Mas, o excelente trabalho desenvolvido na e pela ferrovia só lhe deverá ter aumentado o número de inimigos internos e externos, face à política assassina dessas empresas que políticos do centrão (PS, PSD e CDS) vinham executando há muitos governos.

Com a recompra liderada por um "boy" de qualidade política duvidosa veio a TAP parar-lhe às mãos. Não foi capaz de repetir o trabalho desenvolvido na ferrovia, porque o problema ali é infinitamente maior, com lobis poderosíssimos a mamarem na empresa e na envolvência da mesma.

Aprendi no serviço militar obrigatório que para quem comanda é melhor tomar uma decisão mesmo que possa ser errada, do que não tomar decisão nenhuma.

Ora, o Homem e Ministro depois de tanto dinheiro gasto com estudos e pareceres técnicos ao longo dos anos e de governos, decidiu tomar posição ao anunciar a sua decisão sob futuro aeroporto de Lisboa, de imediato viu cair-lhe em cima não só o "Carmo e a Trindade" como raios e coriscos, dentro e fora do seu partido. Era sem dúvida o Homem a abater. Como é que ousou tomar uma decisão, era impensável, não podia continuar. O indigitado Chefe veio a correr desautoriza-lo e quando já tinham preparado a fogueira de lenha pronta para o auto de fé, o indigitado Chefe anunciou a sua continuidade para desilusão da massa de devotos amantes dos novos autos de fé promovidos pelos costumeiros canais televisivos.

Com tanta morteirada a cair ao seu redor e com alguns tiros dados no próprio pé, ter-se-á o Homem esquecido que os seus inimigos são os do seu partido, sendo os outros apenas adversários políticos? Talvez.

Desde a formação de governos em 2016 até agora, os ministros militantes do Partido Socialista que tomaram decisões enfrentando os ortodoxos velhos do Restelo, são afastados das funções executivas.

As forças ocultas que mandam no país não gostam de políticos que decidam pela sua cabeça e os enfrentem escudados no voto das eleições livres, gostam mais dos submissos, dos camaleões políticos que nada fazem de útil ao país que trabalha, dos que "não fodem nem saem de cima", que ao longo dos quarenta e sete anos vão promovendo, enquanto o Zé vai aplaudindo e votando convencido que os doutores é que sabem o melhor para o país.

Se, por morrer uma andorinha não acaba a Primavera, na política vai a pobre Democracia ficando mais frágil.

E, assim vamos cantando e rindo a caminho da pobreza coletiva

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