segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

02.07.23

 

Com excesso de peso ou por má colocação dos parafusos que a suportavam, a prateleira inclinou-se. Ao inclinar-se pastas de arquivo tombaram no chão não sendo necessário chamar os bombeiros porque nos tombos não ocorreram fraturas, apenas leves amolgadelas. Pastas onde guardava fotos desde que tive a primeira máquina fotográfica, uma Zenit (final da década de setenta).

Ao por as coisas em ordem aproveitei e digitalizei algumas fotos numa velha impressora HP que para surpresa minha ainda funciona e pouco me importa que seja um pouco mais lenta que as novas versões, pois já entrei na idade onde não tenho mais pressa, pois até nas minhas caminhadas matinais perguntei aos deuses do Universo se eles não podiam fazer dias de 26 horas em vez das atuais e velhíssimas 24 horas e eles rindo-se disseram-me que assim é que esta bem e para não ter pressa pois quanto mais correr mais depressa irei encontrar o final da reta por onde caminho e onde não estará ainda o último comboio à minha espera.

Ao olhar as fotos saltaram de imediato recordações, não saudades, de como era a vida, os lugares e as praias.

Tudo vai mudando, tudo cambia sem darmos conta de como nos formatam e parametrizam a vida sempre em nome do prometido progresso, das melhorias de condições de vida. Nós crentes com mais ou menos fé vamos acreditando nesse tal prometido paraíso, vamos suportando as inflações que os deuses do mercado geram, vamos pagando sempre mais um acréscimo de imposto ou uma nova taxa para salvar o ambiente… e nós acreditando porque somos gente de mais ou menos fé vamos caminhando alimentando esperanças.

Há os que vivem de saudades, eu como não queria ser mais novo do que sou gosto mais de celebrar recordações sejam boas ou más porque umas e outras permitiram-me chegar aqui e continuar a gostar de viver porque a vida é bela, o ser humano é que muitas vezes a estraga com a sua ruindade.

Fotos de 1982 salvo erro, quando não se falava a toda a hora das alterações climáticas e os deuses do mar, do vento e das marés levaram a areia da praia do Baleal de tal forma que na praia-mar o Baleal era mesmo uma ilha. Depois os técnicos e os políticos construíram pela praia um pontão-estrada e não mais o Baleal voltou a ser uma ilha.

Baleal a praia que o escritor Raul Brandão na sua obra os Pescadores em 1919 descreveu como “a mais linda praia da terra portuguesa” é hoje muito mais um fast food urbanístico anárquico sempre cheio de gente, salvando-se algumas das antigas construções na antiga ilha, porque agora já nem mas marés grandes a praia voltou a ter ilha.



Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.