domingo, 14 de janeiro de 2024

14.11.23

 

Só na companhia de seres invisíveis aos nossos sentidos humanos, acordo com os sensores urinários a pedirem ajuda. No regresso à cama olho as horas, instantaneamente sinto que o sono já não mora dentro destas paredes.

No quente da cama faço uma revisão breve do que sou mais do que vivo, sou aquilo que construo, os sonhos, desejos e utopias são isso mesmo, apenas utopias, desejos e sonhos. Não me dou por infeliz, tenho o que construí, mais do que família tenho uns poucos, mas bons amigos. O estar só conduz-me a ver a vida do meu próprio jeito, podendo continuar a acreditar que a verdade existe embora há muito se tenha refugiado num lugar desconhecido, um lugar onde a própria existência será vivida de forma muito mais decente, solidária e verdadeira do que esta que ajudei a construir para agora ser mais um derrotado que o sistema triturou e considera como um gasto inútil que já só lhe dá gasto e prejuízo.

Só, tresmalhado do rebanho, caminho e penso no porquê de já não me importar com o que se passa politicamente quer na cidade grande do meu país, quer na vizinha Espanha. Sou um tresmalhado também politicamente, porque política sem ideologia resume-se a guerra de poderes, onde os maiores partidos do rebanho tendem a igualar-se submissos e obedientes que são ao poder dos vampiros financeiros que parametrizam a nossa forma de agirmos, colocando no poder político os seres humanos que escolhem dentro da matilha de hienas e mabecos existentes sempre prontos a chuparem-nos o sangue. Para alimentar esse próprio sistema os designados partidos do centro-direita ou da direita ao centro, foram criando e gerando no seu seio formações de tendências que se autonomizaram para aparecerem como novos partidos políticos com discursos de um populismo inflamado escondendo a negritude dos seus projetos anti solidariedade, anti fraternidade e anti igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos. Já não dou para esta encenação que ainda designam de democracia.

São sete da manhã, a filha mais nova já me deu "Bom dia" via as novas tecnologias existentes. Vou passear a Sacha, para depois tomar o pequeno almoço e ir até Monforte da Beira onde os meus amigos estão na fila do Lagar desde as dez horas da noite de ontem.

Mais um dia a trabalhar, depois de se entregar os 1539 quilos, viemos correndo, almoçamos muito cedo e fomos para a Balasca encher mais dez sacos de azeitona, para depois ainda no quintal apanhar a azeitona galega que restava, arrancar as ervas à volta de umas couves quase todas comidas pelos caracóis que ao apanhá-los logo lhes dei sumiço debaixo dos pés.

Sozinho, voltei a pensar na vida, nos porquês de estar aqui sozinho, um solitário fugindo da solidão, tresmalhado e desconhecendo o que se passa no mundo das guerras fratricidas e das políticas pelo poder, lê alguma coisa mas já não opina.

Depois de ouvir Gianni Morandi em Non Son Degno Di Te, vou-me deitar com as várias imagens ausentes presentes, que amanhã poderá ser de novo, o primeiro dia do resto da minha vida



Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.