quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

16.07.23

 

Ontem foi dia de ir até à cidade Invicta. Dia para recordar e dar abraços aos jovens que como eu constituíram o corpo militar da 2ª Companhia de Caçadores 5010, um dia com tempo para recordar, viver a alegria de reencontros, um dia com tempo para pensar e sentir a revolta rondando-me.

Defendo o direito à greve, como um dos pilares da sociedade.

Quando em 1975 comecei a trabalhar, sindicalizei-me. Depois, em plena luta pelo controle do sindicato em que estava sindicalizado, li e ouvi o que propunham e diziam em campanha, de um lado os afetos ao PCP-MDP/CDE do outro os afetos à aliança PS-MRPP. Ouvi, li e… dessindicalizei-me. É que nos anos anteriores da minha juventude tinha consumido várias obras sobre a luta e a história do sindicalismo em Portugal no tempo da Primeira República e do Estado Novo. Vi a vida já na outra margem sem ainda dar conta que me estava afastando da multidão.

Mais tarde quando a Associação de Economistas passou a Ordem desassociei-me, não gosto de Ordens profissionais, que mais não são do que organismos corporativos. Mesmo não gostando tive de continuar associado numa.

Nunca fiz greve na minha vida de trabalho, mas defendo o direito à greve.

Na noite anterior, antes de me deitar, olhei no computador o sítio da CP, assim como o e-mail, e nenhuma informação negativa havida para no dia seguinte apanhar o Alfa Pendular na estação do Oriente, cujos bilhetes tinha anteriormente adquirido via internet.

Dormi de um sono só. Acordei quando os sensores urinários tocaram o alerta. Levantei-me, relaxei a bexiga e ao colocar de novo o corpo na horizontal, olhei as horas, eram cinco horas. Aguardei e antes do despertador tocar levantei-me, eram as cinco e trinta e a claridade começava a despontar. Tomei banho e saí para a rua para a volta matinal com a Sacha. Quando por volta das sete e quarenta cheguei à estação do Oriente tinha uma chamada do amigo José que estava em Santa Apolónia, onde tinha chegado ainda mais cedo e ao reparar que o comboio não estava no cais de onde normalmente parte, viu no quadro das partidas que o Alfa das oito tinha sido suprimido e, procurava a minha concordância para a alternativa que nos restava, adquirindo os bilhetes para o IC das nove e trinta para Braga que chegaria a Campanhã pelas treze menos dez caso cumprisse o horário, em cima da hora do almoço em S. Mamede de Infesta.

Enquanto esperava pelo amigo, pois tínhamos duas horas e meia pela frente, dirigi-me ao único guiché aberto para comboios suburbanos e educadamente questionei a funcionária porque pelas vinte e três da noite não havia qualquer informação e agora à hora marcada o mesmo tinha sido suprimido? A senhora informou-me que no dia anterior, sexta feira, as perturbações tinham existido por problemas na Infraestruturas de Portugal, enquanto só de madrugada tiveram confirmação da greve dos revisores da empresa. Nada mais havia a falar. Aceitei a situação, porque não tenho conhecimento concreto do que está em discussão, entre os sindicalistas e os representantes da entidade patronal, a CP.

Em silêncio revoltei-me pelo caminho que uns e outros podem estar a cavar de novo, para que amanhã num futuro mais ou menos próximo, estejam reunidas condições para a privatização de mais uma empresa do setor público dos transportes, tão importante para a manutenção do nosso fraco Estado Social, como para os mais desfavorecidos da sorte na sua vida laboral, que se deslocam só e apenas nos transportes públicos.

Chegamos a Campanhã com dez minutos de atraso onde um amigo nos esperava para nos levar até à Central Churrasco em S. Mamede de Infesta onde o pessoal da Companhia nos aguardava.

Reviveram-se amizades, recordaram passagens da vida em comum e da vida dos tempos de agora.

Li em voz alta para que todos ouvissem a mensagem que o antigo capitão miliciano me tinha enviado para ler ao pessoal, já que por motivo de um exame clínico não pode estar presente no encontro.

Ficou agendado novo encontro dos resistentes milicianos da 2ª Companhia de Caçadores 5010 na cidade do Porto para o último sábado de Outubro.

"Nós Somos Capazes" era o lema do Batalhão de Caçadores 5010. A 2ª C. Caç. começou tarde estes encontros, para agora decidirmos marcar presença em encontros duas vezes por ano, porque o tempo não para e já estamos todos com mais de setenta em cima do corpo pelo que as oportunidades de nos encontrarmos irá diminuindo inversamente proporcional ao avanço da idade.

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