domingo, 7 de janeiro de 2024

16.06.23

 

Andando indiferente aos que comigo se cruzam, olho-os mas só me vejo lá no meu canto raiano.

Ontem, depois da prova de esforço no Hospital de Santa Marta, ao regressar andando sem preocupação, no cruzamento com a Rua Barata Salgueiro decidi subir para a Avenida da Liberdade. Ainda não eram as dez da manhã, poucos turistas circulavam nas ruas, numa manhã a anunciar a chegada do calor do mês de Junho.

Entrei na estação de Metro da Avenida e com o meu aparelho de comunicação tomei nota do desleixo existente naquela estação a meio da Avenida da Liberdade.

Na outra semana, quando fui almoçar com um amigo meu superior na nunca esquecida guerra em Angola, ao despedirmo-nos fiz o caminho entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paços, pela Rua do Arsenal. Entre chusmas de turistas tomei nota de como o passeio no Cais de Sodré, passeio designado como calçada portuguesa, se encontrava um nojo tanta é a sujidade.

Dois pequenos exemplos dos muitos existentes infelizmente e não só na cidade. O malfadado vírus do desleixo com mutações várias é comum a todo país.

O sistema de gestão pública no país está a caminhar para bater no fundo, com a multidão cantando e rindo dividida e satisfeita entretendo-se nos sofás de comando na mão para assistir ao lavar de roupa entre políticos ou em alternativa ouvir os "comentadeiros" futebolísticos.

Ainda ontem há hora de almoço num canal televisivo já os usuais papagaios sem penas do atual totalitarismo liberal, ditos "comentadeiros" especialistas em tudo o que seja criticar sem contraditório o anémico mas resistente Estado Social, opinavam tais papagaios o que o antigo ministro iria dizer numa tal CPI, quando o senhor ainda nem sequer tinha entrado na sala onde decorre tal "lavar de roupa" designada de CPI..

Já sentado no comboio suburbano em Santa Apolónia lembrei-me de quando em Paris tive cinco dias de formação num novo programa informático de gestão a implementar na empresa farmacêutica onde trabalhava. A formadora todos os dias aparecia com a mesma camisa branca, dia a dia mais suja e encardida proporcionalmente inversa à intensidade do perfume usado dia a dia mais intenso para esconder tudo o resto. Explicou-nos a pobre no penúltimo dia de formação, que depois de ali estar todo o dia connosco ainda tinha de ir trabalhar nos escritórios da empresa na Torre Montparnasse, comendo a correr comida enlatada que tivesse à mão, para ao chegar a casa depois da meia noite atirar-se para cima da cama, para no dia seguinte às 6 da mamã estar a sair de casa. O perfume poluído da moça parisiense veio-lhe à memória ao olhar como está a cidade onde nasci, estudei e trabalhei, sentindo-me um ausente como se nunca antes tivesse percorrido aquelas pedras daquelas ruas, avenidas e bairros. O meu tempo e a minha cidade mudaram já não existem.

Gastam os políticos gestores dos dinheiros públicos milhares ou mesmo milhões de €€ com agências de publicidade travestidas de comunicação para nos anunciarem a espaços a atribuição de grandes prémios disto e daquilo, embalando o pessoal ouvinte com o número de turistas que nos visitam.

Ou os políticos não sabem, ou de tão habituados que estão a mentir-nos que não nos dizem que país se desenvolveu, enriqueceu económica e socialmente tendo por motor económico o setor do turismo?


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