domingo, 14 de janeiro de 2024

12.11.23

 

Ao deitar-me ontem pensei em registar as palavras que chegaram e se encaixavam, não o fiz porque estava na hora de entrar nas profundezas do sono. Disse para comigo que de manhã se elas permanecessem as iria registar. Vejo a figura inspiradora mas não encontro onde guardei tais palavras que vieram e se encaixavam quase na perfeição. Deveria ter anotado porque já sabia e sei que há palavras que assim como chegam logo depois se sublimam. Um eterno aprendiz, um eterno errante.

A azeitona este ano não me tem dado descanso, pôs-me a vida quase de pernas para o ar. Chego cansado ao final do dia, olho a louça do almoço que nem tempo tive para a lavar a acumular juntando-se à do pequeno almoço e do jantar do dia anterior; olho-a sem disposição de lhe pegar, deixando-a acumular-se para depois. O chão está sujo mas com este tempo de chuva e humidade a disposição para o lavar anda ausente até porque a apanha da azeitona ainda vai a menos de meio e já levamos talvez mais de mil quilos. Demos um salto ao lagar em Monforte da Beira e vimos a fila de carros carregados aguardando para entrarem em produção. Falámos com o dono que nos aconselhou irmos levar esta teca de mil e tantos quilos de azeitona só na próxima terça feira.

Porque me meto eu com estes trabalhos aos setenta e quase três, porque não faço eu como os outros que tendo oliveiras as deixam por apanhar argumentando que não só o trabalho da apanha como o rendimento não compensa, preferindo comprar o azeite a terceiros ou no supermercado?

«Andas há muito em contramão Carlos, és na verdade um tresmalhado, tu que nunca tiveste grande força de braços, que tens a coluna e bacia a acusarem o desgaste do tempo que por ti tem passado, metes-te em cada uma porquê, que força é essa que te anima e te conduz sempre a mais trabalhos, a mais complicações, a mais rotundas onde quase nunca encontras a saída para os teus pensamentos e preocupações. Há Carlos já deverias ter ganho algum juízo», diz-me ao ouvido a minha sombra.

Assim vivo eu, a minha sombra e a amiga Sacha, que esta semana se aproveitou de um pequeno deslize meu ao não fechar de forma conveniente a marquise, deixando o portão do quintal aberto, para que o vizinho pudesse meter a carrinha dele e assim carregar as folhas soltas da limpeza das azeitonas, com a Sacha a aproveitar o deslize indo ter ao chão onde com o Zé e o Joaquim já estávamos na apanha da azeitona, apareceu correndo toda contente, ela que nunca lá tinha ido ou passado foi ter connosco e andou correndo de um lado para outro toda contente, deixando-se apanhar quando o Joaquim pôs a carrinha a funcionar para a colocar em posição mais favorável para trabalhar com a máquina de varejar, sendo que a Sacha ao sentir a carrinha a funcionar de imediato saltou para dentro deixando-se apanhar. Como é que ela deu connosco se nunca lá tinha estado. Mais uma lição.

A chuva miudinha desta manhã ajudou na decisão de apenas limpar a azeitona que ontem se trouxe da Balasca, o que se fez numa hora mais ou menos porque a limpadora que comprei limpa-a bem e rápido senão não sei como iríamos fazer ou teríamos de pagar ao lagar esse serviço.

Aproveitei o não irmos apanhar azeitona, fiz para o almoço as moelas de frango que ontem comprei no Intermarché de Idanha. Retalhei a azeitona carrasquenha que trouxe da Balasca e depois de almoçar mudei a água quer às azeitonas retalhadas das oliveiras do quintal quer para a talha. Das retalhadas enchi dois garrafões das primeiras que meti na água e um garrafão (rolha azul claro) das que ainda estão mais azedas. Fiz uma salmoura com o sal, a água da fonte e um dos ovos que comprei ontem na Idanha. Depois de tudo feito sentei-me eram já quase cinco da tarde.

Vou-me deitar com o sabor amargo da derrota do Sporting no estádio do Benfica.

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