quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

27.08.23

 

Pela primeira vez neste mês ao sair para o passeio matinal senti a habitual nortada fresca; ao chegar ao areal olhei o mar, caminhamos pela avenida da praia e olhei a duna que tantas vezes subi para no alto defronte para o universo estabelecer as minha conversas com o sagrado. Hoje, pela primeira vez caminhando com a Sacha pela trela pensei que já não me sinto confortável em estar na minha praia. Ao passar pela duna que tantas vezes disse “ser a minha duna” recordei que só por duas vezes a subi neste verão, ao olhar o mar já não sinto os deuses sagrados que nele habitam, nem as ninfas já vêm à beira das ondas; olho o horizonte lá ao fundo onde o azul do mar e do céu se fundem numa linha sentindo-me invadido por outros pensamentos, outras imagens; caminho com preocupação pensando nas minhas coisas lá no meu canto na minha outra fronteira, pois que nesta vou sentindo as raízes como que a secarem.

Por aqui vivi momentos, dias, meses e anos felizes, hoje são apenas boas lembranças, boas recordações. O meu mar agora são as oliveiras, as azinheiras e sobreiras num mar dourado de verão seco e quente com a serra no horizonte. Seguimos pela beira da estrada sentindo a nortada fresca; comigo seguem duas imagens, uma a sempre foto desde que a encontrei por acaso, a outra é o meu canto com o quintal e as dúvidas sobre como estarão as coisas que lá tenho, será que o tempo de rega gota a gota é em excesso ou por defeito?…

Fomos e voltamos da nossa caminhada matinal, a pouco e pouco vou-me transferindo.

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