domingo, 14 de janeiro de 2024

02.12.23

 

Nevoeiro e chuva uma combinação que só terminou na noite de trinta de Novembro para o primeiro de Dezembro e não nos deixou andar na apanha da azeitona. Ontem, sexta feira primeiro de Dezembro voltamos à lide.

Hoje o dia recomeçou à hora habitual. O despertador do aparelho de comunicação quando tocou ainda estava a querer acordar. Despachei-me da casa de banho, a Sacha saiu para o telheiro, fiz a cama e fui à padaria comprar a dose habitual a que acrescentei uma embalagem de filhoses que são coscorões segundo outros afirmam. Saí para a rua com a minha amiga ainda a noite abraçava a madrugada, apenas do lado da Extremadura se notava o anúncio do rei Sol com a claridade a despontar.

Comemos e preparei a merenda para o almoço. A manhã estava fria nos seus quatro graus numa sensação de três.

Chegados ao Valongo, notava-se a geada que se formou durante a noite. As mãos e os pés gelados a trabalharem até o Sol iluminar aquela baixa e aquecer bem pela ausência de vento.

O meu amigo armado de serrote e tesoura para limpar as oliveiras por dentro onde a máquina não entra, eu no trabalho de manualmente as retirar dos ramos.

Voltamos do campo cansados quase no final da tarde, para sair com a minha amiga Sacha e deixá-la correr à sua vontade. Aproveitando para admirar as cores do ocaso que o final do dia nos proporcionou.

A vida no campo não é fácil e mais difícil se torna para um citadino pouco habituado a este trabalho duro de poder fazer azeite o mais natural que a legislação dos senhores engravatados determinou. Azeite, obtido de oliveiras e azeitonas sem nenhuma cura química, logo, um produto natural.

Numa das vezes que fomos entregar azeitonas limpas ao lagar em Monforte da Beira pelas cinco da manhã começaram a chegar carrinhas, carros com atrelado e camionetas com azeitona. Pessoal que se ia juntando à porta do café que um casal de idosos o abre pelas seis da manhã, à hora do lagar recomeçar a laboração. Falavam uns e outros do que se diz e conta sobre como está a política do azeite, pois muitos se queixam dos valores altos e até anormais como as azeitonas estão a fundir nos lagares, onde o 22 existe mas o normal está nos catorze e dezasseis, segundo a maioria. O meu amigo olhava-os calado até que um deles afirmou que na Zebreira também estava nos 14 ou mesmo 16. Aí o meu amigo interveio e a sua primeira frase para todos os outros foi: -«a Zebreira é a rainha do azeite», continuando sem que nenhum dos presentes dissesse algo, que ainda na semana passada trouxe 1.539 kg de azeitona da Zebreira e fundiu a 8,7 ali naquele mesmo lagar. Com a sua intervenção acabou o diz-se com o grupo a desintegrar-se.

A tarde já ia longa numa espera ainda mais longa quando o Zé viu um jovem encher com a sua azeitona as cestas metálicas do lagar, perguntou o meu amigo de que zona era, ao que o jovem respondeu ser dali de Monforte; face ao aspeto das azeitonas o Zé diz-lhe que as oliveiras daquelas azeitonas estavam doentes, o jovem ofende-se e palavra puxa palavra o jovem vai argumentando que a irmã que é engenheira sabe bem o que é gafa, para quando o Zé insistindo lhe disse que as oliveiras precisavam de ser sulfatadas, o jovem foi aos arames dizendo que nunca pois desse modo não poderiam ser biológicas. O Zé virou costas e tudo serenou com a azeitona com mau aspeto a seguir os procedimentos normais do lagar. Uma coisa é certa, prefiro as minhas azeitonas, que todos gabavam o aspeto saudável, às tais biológicas(?) com aspeto de a maioria já estar com gafa, mas talvez seja isso o biológico.

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