quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

28.07.23

 

Saí para olhar o mar. Não subi à duna nem vi a praia, fui para sul perder-me nos azuis deste recomeçar; de terra a ameaça do nevoeiro vindo de norte, sobre o mar um céu azul fundindo-se com a cor do mar na linha do horizonte.

Fui olhar o Porto Batel. Há quem goste de voltar aos locais onde viveu momentos felizes, eu gosto de olhar os lugares onde fiz disparates e aventuras que hoje não faria, depois, gostaria que num mar como o desta maré parte das minhas cinzas ali sejam entregues na vazante, de forma clandestina, para irem embaladas mar adentro para as profundezas do mesmo.

Conheci caminhos antigos nos caminhos que hoje existem porque tudo muda, sendo agora os campos de horticultura diversa e intensa para servir os interesses das grandes cadeias de distribuição, onde os mesmos se adquirem a preços inflacionados pela ganância dos lucros crescentes dessas grandes cadeias.

Não é hoje possível ser produtor agrícola sem a utilização dos produtos que os conglomerados químicos produzem, desde os adubos aos pesticidas e conservantes. Não é possível sobreviver no mundo agrícola sem a química, embora haja uma corrente de líricos uns e aldrabões outros, que apoiados em relatórios e estudos encomendados nos dizem que o biológico é o futuro. Dizem e defendem porque o futuro não existe e eles não cultivam a terra nem dependem economicamente dela.

Neste modelo de vida numa sociedade consumista onde impera o egoísmo da felicidade individual em oposição à felicidade das coletividades, o biológico é uma treta, cujos ditos produtos, com selo reconhecido por organismos incapazes de controle efetivo sobre os produtos produzidos, tem preço fora do alcance da grande maioria dos consumidores, comprovando que não são alternativa à procura existente quanta mais às necessidades das multidões.

É necessário encarar o problema pelos cornos de forma global. As alterações ambientais, as doenças com fungos, bactérias e vírus cada vez mais resistentes são um facto diretamente ligado ao designado desenvolvimento das sociedades. Compete às novas gerações escolherem o que desejam construir, avançar no modelo? regredir em busca de um outro equilíbrio?

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.