domingo, 14 de janeiro de 2024

28.11.23

 

Ontem o nevoeiro cerrado não nos deixou apanhar azeitona, correndo a notícia que há quem esteja a deitar fora azeitona colhida por a mesma apodrecer com gafa, incluindo que no lagar cá da povoação pelo menos uma pessoa viu o responsável do lagar recusar cerca de quatrocentos quilos. Notícias que criaram grande ansiedade no meu amigo por termos apanhado inicialmente alguma azeitona tocada pois ao se tocar no ramo logo a mesma caía. Ligou-se para o lagar em Monforte, que o terá aconselhado a ligar por volta das cinco seis da tarde, mas no estado ansioso em que vivia dividimos os sacos pelos dois carros e pelas seis horas da noite pusemo-nos a caminho enfrentando o nevoeiro cerrado que se manteve o dia todo. Chegámos a Monforte não havia nenhum carro para descarregar e o portão do lagar estava aberto indo logo o meu amigo em busca do irmão responsável pelo mesmo. O senhor não gostou que nos apresentássemos sem termos avisado, que tinha de dar andamento a azeitona que já lá estava há uns dias, aconselhando a que descarregássemos os sacos e voltássemos na manhã seguinte ficando na fila de espera que eles começam a laborar às seis, intervi dizendo com a minha calma que o senhor tinha razão mas que nós preferíamos ficar toda a noite lá porque à nossa frente apenas um carro dos que marcam lugar, sendo desse modo atendidos à reabertura; quando andávamos na rua mentalizados a passar a noite nas viaturas o senhor veio ver quantos sacos tínhamos e um pouco mais tarde o empregado mandou-nos entrar para podermos descarregar os sacos para os cestos de pesagem. Entregues os setecentos quilos regressamos satisfeitos às nossas casas. A sorte acompanhou-nos, não só porque conseguimos entregar logo à azeitona como a mesma não apresentava qualquer cheiro anormal.

Como a casa estava fria por não ter ascendido a salamandra, aqueci a cama e sentei-me andando via aparelho de comunicação pelas redes sociais e Google. Comecei a ler o livro que meu irmão me mandou “Os Soldados Fantasmas” do José Manuel Barata Feyo.

Eram umas vinte e duas e trinta quando me coloquei na horizontal e desliguei a luz do candeeiro na mesa de cabeceira. Pelas quatro e trinta os sensores intestinais e urológicos deram sinal acordando com a sensação de já não ir dormir mais. Aqui estou a falar comigo mais do que contigo; só alguém que sofre de demência ocasional pode falar com a ausência escrevendo .

Sorrio quando penso que na verdade sou um solitário tresmalhado, que andando pela outra margem da vida me sinto mais leve desde que cheguei e não mais vi televisão e mesmo à rádio ligada não lhe dou atenção; imagino como vão os diversos rebanhos, manadas e varas de cidadãos pelas capas dos jornais e pelo que vejo na rede social que uso. Já não dou para esse mundo onde a mentira tantas vezes é difundida que a aceitam como verdade, prefiro a Natureza com as suas nuances e regras, assim como a leitura nos intervalos do que há para fazer no quintal e nos pequenos olivais.



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